quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os Evangelhos

O Novo Testamento começa com quatro livros que chamamos evangelhos. Sempre que usamos o termo “evangelhos”, devemos nos lembrar de que antes dos evangelhos veio o evangelho, as boas notícias sobre Jesus Cristo – sua vida, morte pelos pecados e ressurreição (veja lCo 15.3-4). Jesus pregou as boas notícias (o evangelho) quando começou sua obra (Mc 1.1-15).
Os quatro evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João – contam a história de Jesus. Em alguns pontos os quatro são muito semelhantes. Em outros são bem distintos. Os primeiros três evangelhos, chamados sinóticos (termo que vem de uma palavra grega que significa que eles viam o ministério de Jesus de perspectivas semelhantes entre si), têm muito material em comum. Por exemplo, mais de 600 dos 661 versículos de Marcos podem ser encontrados em Mateus. Mais ou menos 380 versículos de Lucas são semelhantes ao material de Marcos. Algumas pessoas afirmam que os três se basearam na mesma fonte. Outras, que Mateus foi escrito primeiro e que Marcos e Lucas foram influenciados por ele. Ainda outros afirmam que Marcos foi escrito primeiro, influenciando depois Mateus e Lucas.
A bem da verdade, não sabemos como os evangelhos vieram a existir. Lucas deu a entender que fez uma pesquisa abrangente de outros relatos sobre Jesus antes de escrever seu evangelho (veja Lc 1.1-4). Não conhecemos o processo histórico que deu origem aos evangelhos, mas sabemos que os quatro livros chamados evangelhos foram inspirados pelo Espírito de Deus e nos transmitem a história de Jesus de maneira poderosa.
Cada evangelho é atribuído a uma pessoa que testemunhou os acontecimentos que se descrevem ou obteve relatos de testemunhas oculares. Cada um dos evangelhos presta informações peculiares que nenhum dos outros tem. Cada evangelho foi escrito por pessoas diferentes, em épocas distintas, em lugares que variaram e em situações peculiares. Todos, porém, foram provavelmente escritos entre 60-95 d.C.
Cada escritor adaptou sua maneira de narrar a história para atingir propósitos próprios. Por exemplo, Mateus enfocou Jesus como o Messias predito no Antigo Testamento. Marcos apresentou Jesus como uma pessoa ativa, um ministro poderoso e um servo sofredor. Lucas retratou Jesus como o Salvador para todas as pessoas. João explicou claramente seu propósito ao escrever seu evangelho (veja Jo 20.31). Ele queria que seus leitores compreendessem que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Devemos ser gratos por ter quatro evangelhos diferentes. Nosso conhecimento de quem é Jesus e do que ele fez é muito mais rico e profundo por termos mais do que um só evangelho.
Os vários propósitos dos evangelhos podem nos ajudar a compreender e valorizar suas diferenças e características peculiares. A maneira ou momento em que se apresenta uma declaração de Jesus é muitas vezes influenciada pelo propósito geral do autor. Isso de forma alguma lança dúvidas sobre a confiabilidade do texto ou sobre a historicidade do fato em questão. Em vez disso, reconhecemos que, ao mesmo tempo que os evangelhos podem ser lidos juntos como histórias complementares em harmonia uns com os outros, também temos de aprender que cada evangelho precisa ser lido e compreendido como elemento independente. Juntos, esses quatro livros nos apresentam as boas notícias sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Transcrito do livro Manual Bíblico Vida Nova, editor geral David Dockery, Edições Vida Nova, São Paulo, 2001, 952 p., ilustrado a cores, págs. 573-577.

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